A escritora Jacqueline Cunha e o secretário do Meio Ambiente, dr. Vilmar Rocha |
Por: Walter Brito
A doutora Jacqueline
Cunha, pedagoga e doutora em educação pela Universidade Lusófona de Tecnologia
e Humanidades de Portugal, lançou no dia 16 de fevereiro, no Palácio das Esmeraldas,
o livro Entre Sonhos e Esperança,
pela Editora Iber Livros, cuja obra foi fundamentada no seu curso de doutora, quando
estudou a relação entre as escolas públicas e o meio rural, com foco na Escola
Ativa.
É importante ressaltar que
o projeto da Escola Ativa foi uma estratégia metodológica com o objetivo de
minimizar a reprovação e o abandono da sala de aula pelos alunos das escolas
rurais nas Regiões: Norte, Nordeste e Centro-Oeste. O programa foi desenvolvido
especificamente para as classes multisseriadas, onde alunos de diferentes
idades e séries realizam suas atividades escolares na mesma sala de aula.
O evento do Palácio das
Esmeraldas movimentou professores, intelectuais, amigos da autora, políticos e
autoridades, que foram ao requintado Salão Dona Gercina Borges prestigiar o
lançamento do livro da professora Jacqueline, que construiu uma bela história
na defesa inconteste da escola rural em Goiás. O trabalho da professora goiana
observa com muita atenção as vantagens que a Escola Ativa ofereceu, ao ser
implantada no Brasil em 1997. Ressaltamos que a escola da zona rural, segundo
Jacqueline, pede socorro nos quatro cantos de nosso País. Argumenta a autora
que a escola tradicional existente desde os primórdios da educação formal,
mesmo com o advento da tecnologia, não avançou como deveria, por isso a
implementação da Escola Ativa que teve início na Colômbia.
A professora argumentou
ainda na sua exposição para os presentes no Palácio das Esmeraldas, durante o
lançamento de sua obra, que o êxodo rural no Brasil contribuiu efetivamente com
a decadência das escolas existentes no campo, pois em 1940 a população rural do
País era de 80%, enquanto hoje é de 15%, e no estado de Goiás é de apenas 10%.
A autora de Entre os Sonhos e a Esperança,
que é uma apaixonada pelo fortalecimento da Escola Rural, foi entrevistada pela
nossa reportagem, como também os seus convidados: a secretária cidadã, Lêda
Borges, deputada estadual e represente da Região Metropolitana de Brasília no
governo Marconi Perillo; o ex- deputado federal e secretário do Meio Ambiente,
Vilmar Rocha; o deputado estadual dr. Antonio Caetano, o deputado estadual Hélio de Sousa e o professor doutor José Eustáquio Romão, secretário-geral dos Institutos Paulo Freire no mundo.
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Jacqueline fala sobre
sua obra, a decadência da escola rural no Brasil e a Escola Ativa:
Questionada pela
reportagem sobre o grande número de pessoas que compareceram ao Palácio das
Esmeraldas, para prestigiar o lançamento de sua obra, a professora-doutora Jacqueline
Cunha disse: “Esse salão Dona Gercina Borges tem um significado especial para
mim, pois a dona Gercina foi a melhor amiga de minha vó, a vovó Jandira Cunha,
mãe de meu pai. Dona Gercina é uma referência importante da mulher goiana e foi
uma lutadora pelo desenvolvimento efetivo de Goiás. Foi aqui também neste salão
que o meu tio Fernando Cunha foi velado, quando nos deixou em novembro de 2011.
Aqui hoje eu consegui reunir pessoas importantes para mim, tais como amigos de
infância, o amigo especial que retratou com muita sabedoria o meu livro, o
artista Amauri Menezes; o professor doutor, José Eustáquio Romão, que veio de São
Paulo, especialmente para a apresentação de Entre
o Sonho e a Esperança; a secretária cidadã Lêda Borges; Vilmar Rocha; a
vereadora Cristina Lopes; familiares; colegas de trabalho; parlamentares, entre
outros. Estou muito feliz com tudo
isso”, arrematou.
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Pedimos para Jacqueline falar um pouco
sobre um dos maiores conhecedores da obra do lendário educador Paulo Freire, o
professor doutor José Eustáquio Romão: “ O
professor Romão é, para mim, só gratidão! Aproveito a reportagem para agradecer-lhe
pelo esforço que fez para chegar até aqui hoje. Com a dificuldade enfrentada
por ele no trânsito de São Paulo onde mora, ele perdeu o voo; mas conseguiu se
encaixar em outro voo e chegar a tempo. Ele me apoia há 20 anos em minha luta
pela salvação da escola rural, por meio dos benefícios que a Escola Ativa traz
em seu bojo. É uma verdadeira guerra que travamos na defesa dos invisíveis.
Além disso, o professor Romão foi um dos jurados de minha tese de doutorado em
Portugal, quando tive o prazer de ter como orientador o professor Antônio
Osório. São dois grandes incentivadores de meu trabalho há duas décadas”,
arrematou Jaqueline.
O jornalista Walter Brito e o professor doutor José Eustáquio Romão |
Jacqueline falou também
sobre a violência contra as escolas rurais no Brasil: “A escola rural foi
abandonada e está em processo acelerado de extinção. É necessário e urgente o
resgate dessas escolas, que muitas vezes sustentam o homem no campo. Não
justifica crianças passarem quase o dia inteiro dentro de verdadeiros paus de
araras, que fazem parte da maioria do transporte dos alunos da zona rural de
nosso País. Certamente esses transportes escolares não são seguros, são
caríssimos e ainda representam a segunda maior despesa dos municípios. São mais
de quatro milhões de crianças sendo transportadas de qualquer maneira no Brasil.
Os nossos gestores só enxergam as deficiências desses transportes quando
ocorrem fatalidades como a de Santa Fé de Goiás, no ano passado”, disse a
professora.
A
importância da Escola Ativa e o atraso das escolas tradicionais
“Mesmo com o advento da
tecnologia na educação, a escola brasileira continua com o mesmo formato, desde
os tempos mais remotos. São os alunos sentados nas carteiras enfileiradas e
olhando nuquinha com nuquinha, enquanto que o professor à frente com sua eterna
lousa e o giz. O sistema tradicional só se preocupa em seguir o conteúdo que é
adotado, mas não se preocupa se os alunos estão aprendendo o que é necessário
para a vida deles”, criticou a doutora.
Experiência
bem-sucedida na Ásia!
A autora do livro lançado na Casa Verde
falou de sua experiência internacional como professora: “Fui convidada pela
UNICEF em 2009 para dar formação de professores no Timor-Leste, na Ásia. O
programa foi exatamente no sentido de trabalhar a metodologia da Escola Ativa.
Trata-se de uma metodologia centrada no aluno, quando ele passa a pesquisar, a
estudar de sua melhor forma, passa a descobrir coisas com o incentivo de seu
mestre, que é um motivador constante. Foi uma experiência fantástica a minha
passagem pela Ásia, quando ensinei e consolidei o que aprendi sobre Escola
Ativa”, disse.
Atuação
no programa: Escola Ativa no Brasil
A professora Jacqueline
Cunha Explicou: “O modelo da Escola Ativa iniciou na Colômbia, com o apoio
efetivo do Banco Mundial, da UNICEF e UNESCO. Vale lembrar que, em diversos
países do mundo, as escolas que adotaram a metodologia da Escola Ativa
alcançaram desempenho melhor que o desempenho das escolas públicas urbanas e
igual às escolas particulares urbanas, o que mostra um resultado bastante
positivo. É sabido que entidades como o Banco Mundial não financiam programas, em
que o custo-benefício não atinge a meta determinada por sua diretoria. A Escola
Ativa atingiu todas as metas exigidas pelo programa, por isso tem uma
metodologia aprovada e vencedora, além de provar que deu certo em diversos
países. Basta ser bem aplicado que é sucesso. Em Goiás nós estamos conversando
com FAEG, SENAR, Tribunal de Contas dos Municípios, entre outras instituições,
pois precisamos ajudar a tirar os nossos municípios das dificuldades em que se
encontram, especialmente no que diz respeito à escola rural, onde o transporte
escolar da zona rural para a zona urbana é o caos e tem a segunda maior despesa
em suas administrações. Além de ser muito oneroso para os municípios, vem
causando todos os males que eu disse durante apresentação de nosso livro Entre o Sonho e a Esperança.
A secretária cidadã Lêda
Borges tece comentário sobre o livro da amiga Jacqueline: “A Jacqueline além de
ser uma pessoa impecável, é também uma profissional de altíssimo nível e ama a
educação como poucos. Conheci a Jacqueline há 20 anos e sempre sonhando com
novos rumos para a educação de qualidade para Goiás e o Brasil. O seu livro Entre o Sonho e a Esperança, que é o
fruto de sua tese de doutorado em Portugal, quando traz para a discussão
principal a escola rural, certamente é o coroamento de sua batalha a favor de
uma educação de qualidade para todos”, completou Lêda Borges.
O deputado estadual dr.
Antonio Caetano (PR) fala sobre a professora e amiga: “A doutora Jacqueline com
suas virtudes, sua inteligência e a vontade de mudar para melhor a educação por
meio de métodos modernos como o da Escola Ativa, precisa de apoio de todos nós
parlamentares, Poder Executivo, iniciativa privada e seus pares na educação. O
seu curso de doutorado no exterior e a obra que ela lançou com muito sucesso no
Palácio das Esmeraldas são referências importantes para a cultura e o avanço da
educação em Goiás. Ela é minha amiga e poderá contar com todo o meu apoio, em
sua luta constante pela nova metodologia, que ensina, de fato, o que nossos
alunos vão necessitar em suas vidas”, arrematou o deputado.
A
declaração do secretário do Meio Ambiente, dr. Vilmar Rocha
“Eu vim aqui para prestigiar minha amiga
de longa data, a professora Jacqueline Cunha. Sou seu admirador, pelas suas
pesquisas que engrandecem a causa da educação em Goiás e no Brasil. A Jacqueline
está sempre divulgando sua visão sobre a Escola Ativa no Brasil. Concordo com
ela quando diz que os gestores esqueceram a escola rural, pois passei minha
infância em Niquelândia e conheço bem a realidade das escolas rurais, no passado
e no presente. Estou com a Jacqueline e vamos contribuir de forma efetiva com
seu trabalho a favor da modernização da metodologia escolar”, declarou.
O professor doutor
Romão fala sobre a satisfação de apresentar a obra de Jacqueline! “Saí de São
Paulo e consegui chegar aqui no Palácio das Esmeraldas a tempo, pois os
imprevistos da viagem foram muitos. Vim com muita garra e com muita alegria,
pois a Jacqueline é uma das últimas guerreiras na defesa da escola rural.
Defender a escola rural não significa defender somente o lugar onde as crianças
vão aprender a ler, fazer cálculos e compreender a história do Brasil. A escola
rural tem funções mais importantes com a comunidade, que propriamente
desempenhar o papel de escola. Ela é escola, mas também muitas outras coisas
importantes e fundamentais para a identidade cultural da comunidade rural.
A Jacqueline está certa
na tese dela, pois uma escola multisseriada poderá ser um problema
administrativo, financeiro e político. O problema da escola multisseriada é um
problema de método. O método da educação tradicional, para os métodos propostos
pela Jacqueline, a sala de aula pode ser multisseriada e não tem problema
nenhum, pois ela vai fazer um trabalho de qualidade. Por outro lado, entendo
que é muito difícil funcionar uma escola de qualidade com várias séries e com a
mesma professora, no método tradicional. A Escola Ativa proposta pela Jacqueline
é defendida em vários países do mundo e deu certo. É uma escola cuja
metodologia pode ser conciliada com as novas tecnologias”. Completou.
O professor doutor José Eustáquio Romão foi por 35 anos professor e pró-reitor de uma Universidade Federal
em São Paulo e atualmente é secretário-geral dos institutos Paulo Freire no
Mundo. Ele trabalhou por dez anos com o
professor Paulo Freire, que é uma lenda da boa educação no Planeta Terra. O
doutor Romão trabalhou também outros cinco anos, com o fundador da UnB em
Brasília e o seu primeiro reitor, o ex-senador Darcy Ribeiro. Como se vê, a professora Jacqueline está bem
acompanhada e promete levantar a escola rural em Goiás. Palmas para a protetora
dos invisíveis e muito sucesso com o seu livro Entre o Sonho e a Esperança.