Por: Walter Brito
Morreu hoje em Porto
Alegre, a socióloga e ex-ministra da Secretaria da Promoção da Igualdade
Racial- SEPPIR, Luiza Bairros. Ela fazia tratamento contra um câncer no pulmão
e, hoje nos deixou, por volta das dez horas da manhã. Ela foi
ministra da SEPPIR, no governo da presidenta Dilma Rousseff, entre 2011 e 2014.
A secretaria foi criada no governo Lula, com o objetivo de
diminuir as questões do racismo , bem como: integrar o negro no processo de
desenvolvimento da nação brasileira, por meio da igualdade em todos os setores
da iniciativa privada e do serviço público.
Certamente a instituição beneficiou de forma muito forte a comunidade
negra nacional.
Foi no periodo da Luiza Bairros no poder, que as cotas para
estudantes negros tiveram o maior avanço. Vale lembrar, que as estatíscas
indicam a inserção significativa de estudantes negros, nos cursos: de medicina
e engenharia. Tais cursos eram exclusivos dos filhos das elites brancas. No
mesmo periodo, que foram criadas as cotas para a comunidade negra, nos concursos
públicos. Nesse sentido, avança Brasil afora, a criação das cotas para a
negritude na magistratura.
Qualquer brasileiro de bom senso sabe, que os
afrodescendentes nos últimos 13 anos, frequentaram com mais assiduidade os bancos das universidades,
quando o diferencial foram os cursos, considerados de elite, já dito
anteriormente. Tudo isso se deu, a partir de 2003, quando Luiz Inácio Lula da
Silva assumiu à presidência da República. Foi um tempo também, em que o Brasil
teve maior relacionamento comercial e cultural com o continente africano.
Quando o Lula assumiu, tinhamos 17 embaixadas africanas acreditadas em
Brasília. Hoje, já são 31 embaixadas instaladas na capital brasileira.
Tive a honra de disputar com Luiza Bairros, a indicação para
a SEPPIR. Na ocasião, eu contei com o apoio de instituições negras dos 27
estados da federação. Entretanto, a socióloga competente Luiza Bairros, obteve
maior apoio político, por meio do Partido do Trabalhadores. Vale lembrar, que a
minha participção na disputa se deu, por
meio de companheiros que acompanharam o nosso trabalho na direção da Fundação
Cultural Palmares, de 1991 a 1994, bem como, o incentivo dos companheiros do
PMDB negro, quando fui vice presidente nacional do PMDB afrodescendente.
Tinhamos como presidente, o atual presidente do Sindicato dos Artístas do Rio
de Janeiro, o ator Jorge Coutinho. Na ocasião em que dirigi a Palmares, participamos da negociação, que trouxe Nelson
Mandela pela primeira vez ao Brasil. A negociação se efetivou, por meio de uma
parceria com o Itamarati, quando o líder sul africano, tinha acabado de deixar
o cárcere, onde passou 27 anos. Tive o prazer de acompanhar Mandela e
representar o governo brasileiro, na
visita de Madiba, ao Espírito
Santo, à época governado pelo afrodescendente,
Albuíno Azeredo.
O legado de Luiza Bairros é um marco histórico na inserção
do negro: nas universidades de forma ampla; nas cotas para o serviço público;
bem como o incentivo na área empresarial. Nesta última, a participação do negro
ainda é tímida, mas como ocorreu nos Estados Unidos da Améria; tinha que ter o
incentivo e agora: avança a cada dia.
O país tem uma dívida histórica com os descendemtes da
escravidão. Nos governos do Lula e da Dilama, certamente os avanços ocorreram
em todas a áreas, como em nenhum governo!
Vale lembrar, que diversas personalidades, da negritude norte americana,
se beneficiaram de alguma forma das cotas raciais nas universidades. Entre
tantas personalidades conhecidas no mundo
inteiro, destacamos nesta matéria, as seguintes: Condolezza Rice, Colin
Power, Oprah Winfrey e o presidente, Barack Obama.
Luiza Bairros foi uma guerreira, que ajudou a construir uma
história, fundamental para a igualdade racial em nosso país. Certamente os
afrodescendentes terão um futuro mais digno, mais próspero e o lugar merecido
na história.
Os descendentes da escravidão; ajudaram a construir o Brasil
e nunca participaram efetivamente de sua administração.
Por: Walter Brito
Luiza Bairros e Dilma Rousseff