Menino pobre de Goiás conta a sua história para o mundo


Antônio Bochecha

Por: Walter Brito

A vida é mesmo divina e cheia de surpresas. A nossa reportagem de hoje é um exemplo de lutas, resistências, conquistas e muita fé em Deus. Referimo-nos a trajetória de Antônio Pereira das Neves, 58 anos e conhecido na cidade de Formosa- GO, na região do Entorno de Brasília, como “ Antônio Bochecha”. Ele é de família grande com nove irmãos, cujos pais tinham poucos recursos financeiros. Mesmo assim, Deus abençoou a todos e são bem sucedidos na vida.

A reportagem entrevistou Antônio Bochecha que falou de sua bela trajetória. Ele disse que na infância foi um apaixonado pelo futebol e começou a trabalhar muito cedo para ajudar a família. “ Aos oito anos de idade eu engraxava na porta do Cine Imperatriz na cidade, ao lado do repórter que me entrevista; do Compadre Juarez Fernandes, sucesso no rádio em Brasília; do Wagner Gualberto, ex-prefeito de Flores e produtor rural, entre outros. Fui também vendedor de pães nas madrugadas de Formosa, vendedor de bilhetes de loteria, lavador de automóveis e carregador de malas na antiga Rodoviária. Contudo, a minha verdadeira paixão era os campinhos de futebol: na Varginha, no Abreu, na Lagoa dos Santos, na Formosinha e um dia cheguei ao Sabinão, o Estádio de Formosa, hoje rebatizado como Diogão. Naquela época não tínhamos a orientação sobre a importância da escola. Por isso, estudei apenas quatro anos, passando pelo Grupo Americano do Brasil e o Grupo doutor José Décio. Por último ganhei uma bolsa de estudos do frei Maurício, no Colégio do Planalto. Claro, a bolsa foi pela minha habilidade com a bola nos pés. Lá no Planalto entrei como atleta da Escolinha comandada pelo Tio Luiz. Infelizmente não dei continuidade aos estudos e perdi a oportunidade dada a mim pelo frei Mauricio. Faltou orientação . Entretanto a bênção de Deus que veio para a minha mãe, permitiu que mesmo com pouco escolaridade, seguisse o meu caminho. Já no futebol, quase fui para o Corinthians, mas meu pai não deixou, pois eu tinha apenas 14 anos. Joguei no Goiânia e também no Taguatinga Esporte Clube. Este era o principal time de Brasília naquele período. Depois voltei para Formosa. Aqui como amador , alcancei todas as glórias que um garoto do interior pode almejar no futebol. Joguei na FF, no Disnei, no Lagoa e na seleção de Formosa. Fiz centenas de gols que ficaram para a história de nosso tempo. Fui também fundador da primeira Escolinha da AAFF, bem como da Escolinha de futebol do Disnes. Lembro-me ainda, que os campinhos de futebol naquela época atraiam centenas de torcedores, principalmente nos finais de semana. Determinada vez um torcedor foi comprar 250 gramas de açúcar para a família, mas achou mais interessante a nossa pelada no campo da Varginha e por lá ficou vibrando com os nossos dribles e gols. Eis que, lá pelas tantas, apareceu sua mulher esbravejando e cobrando o açúcar que ele foi comprar para o café e não voltou”, disse. Certamente para o referido torcedor formosense, aquele momento era tão importante, quanto a disputa de um clássico no Maracanã. O futebol é mesmo a paixão do brasileiro! O Antônio Bochecha prossegue contando sua história, de lutas e conquistas: “O tempo passou e fomos buscar as nossas responsabilidades. Entrei no antigo Goiás Rural, como auxiliar de mecânico. Começava ali a minha luta formal pela sobrevivência, pois a partir de então eu tinha um emprego. Dois anos depois me casei com a Custódia Pereira das Neves. Tivemos três filhos: Graziela, Antônio e Tiago. Graziela fez curso superior e estudou letras; o Tiago formou-se em Direito e o Antônio está concluindo também o curso de Direito. Eles fizeram ainda, seis anos de inglês no Wizard. Os meus três filhos são também microempresários”, arrematou.

Questionado pela reportagem sobre o sucesso na vida, apesar de ter sido até menino de rua e ter dormido por muitas noites no palhão de uma beneficiadora de arroz na cidade, o seu Antônio Bochecha foi categórico: “ Eu tinha apenas uma bicicleta velha, mas logo percebi que Deus tinha um plano na minha vida. Quando eu já trabalhava no Goiás Rural, como auxiliar de mecânico, surgiu a oportunidade para eu treinar a Escolinha de Futebol de Formosa no Estádio Diogão. Fui bem sucedido e por lá passaram meninos, que hoje são: policiais de alta patente, advogados, médicos, engenheiros, professores, promotores e juízes. O doutor Wilson da Silva Dias, diretor geral do Foro de Goiânia, é um dos exemplos da escolinha que dirigi. Por meio do dinheiro que ganhei naquele período, Deus me mostrou o caminho certo e fiz investimentos no mercado financeiro. A partir daí passei a fazer diversos negócios e todos deram certo. Entrei depois no mercado imobiliário no momento de grandes perspectivas, pois , com a duplicação da BR 020 no trecho Formosa para Brasília, os terrenos valorizaram de forma extraordinária. Acho que tive muita sorte também! Nos últimos anos diversifiquei minhas atividades e parti para o comércio varejista. Por meio de muito trabalho e persistência, estamos conseguindo estabilidade nesse ramo de negócios, onde meus filhos já estão estabelecidos. Tenho o prazer de reunir toda minha família e ir para a igreja orar e agradecer a Deus. Sou evangélico com muita satisfação e pertenço a Congregação Cristã do Brasil. Hoje, olho para minha esposa Custódia, meus filhos e netos, logo percebo que a mudança foi grande, pois para quem tinha uma bicicleta emendada à solda, com poucos estudos e chegar onde chegamos, já está meio caminho andado. Por isso, temos que agradecer a Deus todos os dias pela nossa prosperidade material e espiritual”, completou.Conhecedor profundo da política formosense, Antônio Bochecha já foi candidato a vereador na cidade.

Questionado pela reportagem sobre seus novos planos, incluindo a política, ele respondeu: “Acredito que as pessoas com um passado de lutas merecem o respeito da população. Confesso que depois de tanto trabalho, com minha vida organizada, gostaria muitas de contribuir com a sociedade, oferecendo o meu nome novamente para vereador de Formosa em 2016. Estou filiado ao PR e fui convidado pela direção do partido para me candidatar. Estou fazendo uma ampla consulta aos amigos e parentes sobre esta questão.Caso eu perceba que as lideranças que conhecem minha luta tendem apoiar o nosso projeto rumo ao parlamento municipal formosense, não titubearei. Direi sim! Caso eu consiga me eleger, lutarei para ser um bom vereador e deixar mais um exemplo para meus filhos e também os netos: Ana Gabriela e Anthony Pietro”, concluiu.

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